segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Manhã Gelada

Gelada de doer , uma dor que não dói , mas arrepia os poucos pelos da coxa de um menino que de calças curtas vai para a escola.
Um uniforme tradicional, calças curtas azul marinho, camisa azul claro, meias brancas3/4, sapato preto.
Dias frios de um menino de uniforme tradicional , em uma escola experimental montessoriana.
Método moderno , uma educação que busca impor limites, e evitar o sofrimento, um maldito e frio tapete de pvc, limitando .
Frio e nublado, dia frio e gelado, tapete de pvc, frio método, frio sentimento.
O congelado menino na fria e experimental escola, se recusa a ser tão limitado em pensamento, tem uma doença crônica.
É jogado por terra convulsionando , descontrolado movimento , fere-se mas não sente.
Ninguém pode toca-lo , tudo escurece, frio , frio, frio, escuro firmamento.
No frio escuro firmamento, grita o menino por socorro, ninguém responde.
Esquece a dor menino, esquece o sofrimento.
Embora no corpo não sinta, na alma tem a dor grande aumento.
Diziam ser demônio, ou demência , é proibido tocar o menino, já sofre grande tormento, é louco.
É louco o menino , a fama se alastra.
É louco , não se aproxime deste que sofre de tal tormento.
Não deve ele conhecer na vida mais sofrimento, coitado.
Cresce como um louco o menino, sem conhecer a dor ou sofrimento.
A vida não o poupa no entanto, quando surge o desejo, parte do crescimento.
Cresce o corpo, continua menino em termos de sentimento.
Sofre o menino mais do que merecia , grande dor o maior sofrimento.
Sofre na alma sofre por dentro.
Busca o menino entender, experimenta, tudo que na vida não pode provar.
Busca o amor, busca o sexo, e busca a dor que no frio tapete de pvc da escola foi ensinado a evitar.
Noite de frio, noite gelada, um jovem se entrega a uma mulher .
Aquele frio igual o das geladas manhãs, nú entrega-se à cortesã.
Buscando a dor , o poupado sofrimento, o toque de uma chibata fria como o pvc do tapete lhe é familiar.
Sobe no entanto a dor que faz o sangue correr mais rápido.
Circula rápido o sangue, e aquece o corpo do jovem sem paz.
A dor não lhe é familiar, pois dela sempre foi poupado , o calor que ela provoca parece ser algo há muito desejado.
Ingênuo e pobre rapaz, que viveu a vida sem dor, é incapaz de entender esse calor.
Por certo é algo novo, não é bom , não é ruim, mas é novo.
Seria vida, seria aquilo o que dele foi tirado no escuro, e no frio, frio, frio, tapete de pvc.?
Apaixona-se o coitado, por tal mulher que seu corpo , e não sua alma fez sofrer.
Por um preço ela se entrega e lhe jura amor sem fim.
Por este preço que lhe proporcionou a tal dor física, que na alma não dói enfim.
Meu Deus que loucura, falar tanto dessa dor, falar tanto de mim.
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