quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Somente O Muro


Somente O Muro


Um muro enorme e branco dava a volta em todo o terreno, um enorme terreno cheio de árvores.

Alto e inabalável muro, impecavelmente branco ao redor de uma terra cheia de outras cores, de vida e de morte.

Parecia não ter fim o enorme muro, era, no entanto interrompido por um pesado portão de ferro fundido e batido, um bonito portão.

Dentro do terreno, do outro lado do muro, parecia haver um jardim, um belo e extenso jardim, muitas plantas quase nenhuma construção.

Pessoas entravam e saiam deste terreno, animais invadiam por sobre o alto e branco muro, gatos, sagüis, e pássaros, além de alguns roedores.

O Muro era mantido branco e imaculado às custas de muito suor e muita tinta, o terreno parecia ser também muito bem cuidado, olhando-se pelo portão, mas era enorme, muito pouco se via, apenas uma pequena porção.

Havia sinais de muita vida, havia traços de morte e de putrefação, havia de tudo um pouco por trás do muro branco e do seu pesado e negro portão.

Nada pode ser mais enigmático que a neutralidade do branco, e que a grande muralha colocada ao redor daquele terreno.

Não havia sinais de crença religiosa, não parecia um cemitério, era um enorme e lindo jardim, não havia qualquer construção como túmulos.

Tirando-se o mau gosto da arte tumular cemitérios são lindo jardins, era uma possibilidade, uma possibilidade nada remota.

As pessoas entravam ali em grandes grupos e saiam, mas nada de anormal parecia haver, nenhuma grande tristeza se abatia sobre elas, parecia um parque público, eu nunca tentei entrar lá.

Os funcionários que pintavam incansavelmente de branco, o alto e extenso muro trabalhavam com vigor, não se abatiam por nada, dia após dia estavam lá cobrindo de branco a enorme muralha, ânimo não lhes faltava.

O que se passa do lado de lá?
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